As fotografias desta exposição virtual foram selecionadas não por estética ou beleza, ao contrário, nem todas tem boa qualidade e apresentam charmosas marcas amareladas. São antigas como o preto e branco do tempo.
A seleção deu-se pela oportunidade que elas oferecem em revelar paisagens, pessoas, lugares e acontecimentos que, muitas vezes, a escrita sozinha não consegue alcançar. A maioria delas são de fotógrafos anônimos, algumas foram publicadas em revistas antigas e todas foram unidas a pequenos textos para oferecer ao expectador e leitor novas dimensões da nossa história.
Aqui, os 170 anos de Barretos está em preto e branco, na vertical e horizontal.
Agosto de 2024
Em primeiro plano, nota-se a edificação das torres da igreja, que já possuía a nave central e o átrio. Ao fundo, vê-se o resquício da capela mais antiga – a segunda do arraial, construída por volta de 1880 – a qual deu lugar ao presbitério e cúpula da Catedral do Divino Espírito Santo. A igreja foi edificada entre 1893 e 1920, aos poucos, como bem revela a imagem.
(Fonte: Revista Illustração Paulista, São Paulo/SP, ed. 34, 1911, p. 24. Acervo da Biblioteca Nacional).
Situada em Icém, antigo povoado denominado Água Doce e então pertencente ao território de Barretos, a cachoeira do Marimbondo era um complexo de quedas d’água e saltos que atraia visitantes para turismo e apreciação. Mais tarde, como potencial fonte para geração de energia, foi usada como recurso para a instalação de usina hidrelétrica. No passado, a cachoeira era destino para passeio a moradores, poetas e turistas; hoje, repousa submersa às águas do rio Grande.
(Fonte: Acervo do Museu Ruy Menezes).
Inaugurada a 25 de maio de 1909, a estação ferroviária de Barretos funcionava em um prédio pequeno e de arquitetura singela. Em suas escadarias desceram visitas ilustres do mundo cultural, político, literário e intelectual que conheceram a cidade. Além disso, os trilhos facilitaram as movimentações da economia pecuária, serviços, comércio, assim como a circulação de pessoas, ideias e novos costumes. Foi demolida em 1928, sendo no ano seguinte substituída pelo atual prédio de monumental arquitetura.
(Fonte: Álbum “De S. Paulo á Cachoeira do Maribondo em automóvel”, 1923. Instituto Moreira Sales).
A rara imagem estampa a primeira sede própria da prefeitura de Barretos, Paço Municipal, ainda sem as suas belas águias que adornam a parte central de seu frontispício. Como sede do governo municipal, inaugurado em 1907, a 15 de novembro, o prédio da prefeitura abrigou, temporariamente, reuniões do poder legislativo e até sessões do judiciário. Funcionou como prefeitura até 1960 e desde 1979 tornou-se sede do Museu Artístico e Folclórico Ruy Menezes.
(Fonte: Acervo do Grêmio Literário e Recreativo de Barretos).
A fotografia revela parte do bairro central da cidade, cuja praça Francisco Barreto era o ponto principal já que as grandes instituições, comércios e residências ficavam ao seu entorno. À lateral da rua 18, nota-se o prédio da Cadeia Pública e Fórum, cuja frente dava-se à estação ferroviária (ao fundo central da imagem). Atrás desta, na lateral esquerda, ergue-se na imagem a capela do Rosário, cujo bairro (Outro Mundo, depois conhecido como “Bairro da Estação” e “Fortaleza”) era a morada da população trabalhadora.
(Fonte: Acervo do Museu Ruy Menezes).
A Casa de Caridade foi a primeira instituição hospitalar de Barretos, obra social da Sociedade Espírita “25 de Dezembro”, em 1912. Seu corpo clínico era dirigido pelo médico Raymundo Mariano Dias e contava com equipe de médicos formados pelas grandes universidades do país. Atendia a população da cidade e indigentes. Passou pelo período da Gripe Espanhola, em 1918. Foi fechada quando se deu a inauguração da Santa Casa de Misericórdia de Barretos, em 1921, gerida sobre os preceitos católicos.
(Fonte: Revista Fon Fon, Rio de Janeiro/RJ, ed. 42, 19/10/1912, p. 45. Acervo da Biblioteca Nacional).
Com o estouro da Revolução Constitucionalista de 1932, Barretos se mobilizou para atender à causa paulista arregimentando voluntários e equipando espaços da cidade à nova realidade da guerra. A sede do Grêmio Literário e Recreativo, recém-inaugurada, tornou-se sede do quartel do Batalhão Júlio Marcondes Salgado que se instalou em Barretos. Os soldados da fotografia, em pose, foram enviados a batalhas nas trincheiras da fronteira do rio Grande e a cidades paulistas durante os três meses da guerra civil.
(Fonte: Acervo do Grêmio Literário e Recreativo de Barretos).
A fotografia é mais uma das que eternizam a visita de políticos à cidade. Eles eram retratados em primeiro plano, junto ao prefeito, e na sensação de serem abraçados pela multidão. Populares, crianças, atiradores do Tiro de Guerra, banda sinfônica e escoteiros compunham o cenário da visita. Esta fotografia é do dia 19 de setembro de 1942, onde estão descendo a rua 18 (saindo da estação ferroviária) o interventor Fernando Costa, o Secretário da Justiça, dr. Abelardo Vergueiro César, e o Secretário de Agricultura, dr. Paulo de Lima Corrêa (que mais tarde será o patrono do Recinto), todos acompanhados pelo prefeito Fábio Junqueira Franco.
(Fonte: Acervo do Museu “Ruy Menezes”).
O Recinto Paulo de Lima Corrêa foi inaugurado em 1945 para sediar as feiras expositivas de animais e produtos derivados, mas a partir de 1947 também se tornou o local de realização da festa do peão. Esta, organizada pelo clube Os Independentes a partir de 1956, ocorria em apresentações folclóricas, rodeios e concursos no recinto até o ano de 1984 (depois, passou a ocorrer no Parque do Peão). Nesta fotografia, nota-se a festa dentro recinto e fora dele, com as barracas que eram montadas à avenida 23 para comércio popular, cuja composição ficou conhecida como “Vietnã”.
(Fonte: Acervo do Museu “Ruy Menezes”).
A Praça Francisco Barreto já possuiu portais, adornos, coretos, monumentos e bustos de diferentes épocas. Talvez, o elemento que mais tenha marcado época foi a fonte luminosa, doada pela colônia japonesa à cidade em 1958. Tornou-se memorável não apenas por sua beleza, mas por ser o local de encontros da mocidade e da prática do footing entre os pretensos namorados (muitos casamentos deram-se a partir desses encontros).
(Fonte: Acervo do Museu “Ruy Menezes”).
Realização: Núcleo de Estudos Históricos da Academia Barretense de Cultura.
Curadoria: Karla Armani Medeiros, historiadora e acadêmica titular da cadeira 7.
Presidente da ABC: Rosa Carneiro.
Acervos consultados: Museu “Ruy Menezes”, Grêmio Literário e Recreativo, Instituto Moreira Sales e Biblioteca Nacional.
Diagramação: Williarts.