170 anos de Barretos em preto e branco

Exposição comemorativa aos 170 anos de Barretos pelo Núcleo de Estudos Históricos da Academia Barretos de Cultura

As fotografias desta exposição virtual foram selecionadas não por estética ou beleza, ao contrário, nem todas tem boa qualidade e apresentam charmosas marcas amareladas. São antigas como o preto e branco do tempo.

 A seleção deu-se pela oportunidade que elas oferecem em revelar paisagens, pessoas, lugares e acontecimentos que, muitas vezes, a escrita sozinha não consegue alcançar. A maioria delas são de fotógrafos anônimos, algumas foram publicadas em revistas antigas e todas foram unidas a pequenos textos para oferecer ao expectador e leitor novas dimensões da nossa história.

Aqui, os 170 anos de Barretos está em preto e branco, na vertical e horizontal.

Agosto de 2024

Igreja Matriz de Barretos, em 1911, com suas torres em construção.

Em primeiro plano, nota-se a edificação das torres da igreja, que já possuía a nave central e o átrio. Ao fundo, vê-se o resquício da capela mais antiga – a segunda do arraial, construída por volta de 1880 – a qual deu lugar ao presbitério e cúpula da Catedral do Divino Espírito Santo. A igreja foi edificada entre 1893 e 1920, aos poucos, como bem revela a imagem.

(Fonte: Revista Illustração Paulista, São Paulo/SP, ed. 34, 1911, p. 24. Acervo da Biblioteca Nacional).

Cachoeira do Marimbondo, início do século XX.

Situada em Icém, antigo povoado denominado Água Doce e então pertencente ao território de Barretos, a cachoeira do Marimbondo era um complexo de quedas d’água e saltos que atraia visitantes para turismo e apreciação. Mais tarde, como potencial fonte para geração de energia, foi usada como recurso para a instalação de usina hidrelétrica. No passado, a cachoeira era destino para passeio a moradores, poetas e turistas; hoje, repousa submersa às águas do rio Grande.

(Fonte: Acervo do Museu Ruy Menezes).

Primeira estação ferroviária de Barretos, 1923.

Inaugurada a 25 de maio de 1909, a estação ferroviária de Barretos funcionava em um prédio pequeno e de arquitetura singela. Em suas escadarias desceram visitas ilustres do mundo cultural, político, literário e intelectual que conheceram a cidade. Além disso, os trilhos facilitaram as movimentações da economia pecuária, serviços, comércio, assim como a circulação de pessoas, ideias e novos costumes. Foi demolida em 1928, sendo no ano seguinte substituída pelo atual prédio de monumental arquitetura.

(Fonte: Álbum “De S. Paulo á Cachoeira do Maribondo em automóvel”, 1923. Instituto Moreira Sales).

Paço Municipal, década de 1910.

A rara imagem estampa a primeira sede própria da prefeitura de Barretos, Paço Municipal, ainda sem as suas belas águias que adornam a parte central de seu frontispício. Como sede do governo municipal, inaugurado em 1907, a 15 de novembro, o prédio da prefeitura abrigou, temporariamente, reuniões do poder legislativo e até sessões do judiciário. Funcionou como prefeitura até 1960 e desde 1979 tornou-se sede do Museu Artístico e Folclórico Ruy Menezes.

(Fonte: Acervo do Grêmio Literário e Recreativo de Barretos).

Aspecto de Barretos pela ótica da torre da igreja, Foto Tedesco, 1933.

A fotografia revela parte do bairro central da cidade, cuja praça Francisco Barreto era o ponto principal já que as grandes instituições, comércios e residências ficavam ao seu entorno. À lateral da rua 18, nota-se o prédio da Cadeia Pública e Fórum, cuja frente dava-se à estação ferroviária (ao fundo central da imagem). Atrás desta, na lateral esquerda, ergue-se na imagem a capela do Rosário, cujo bairro (Outro Mundo, depois conhecido como “Bairro da Estação” e “Fortaleza”) era a morada da população trabalhadora.

(Fonte: Acervo do Museu Ruy Menezes).

Casa de Caridade, 1912.

A Casa de Caridade foi a primeira instituição hospitalar de Barretos, obra social da Sociedade Espírita “25 de Dezembro”, em 1912. Seu corpo clínico era dirigido pelo médico Raymundo Mariano Dias e contava com equipe de médicos formados pelas grandes universidades do país. Atendia a população da cidade e indigentes. Passou pelo período da Gripe Espanhola, em 1918. Foi fechada quando se deu a inauguração da Santa Casa de Misericórdia de Barretos, em 1921, gerida sobre os preceitos católicos.

(Fonte: Revista Fon Fon, Rio de Janeiro/RJ, ed. 42, 19/10/1912, p. 45. Acervo da Biblioteca Nacional).

Soldados constitucionalistas à frente do Grêmio, 1932.

Com o estouro da Revolução Constitucionalista de 1932, Barretos se mobilizou para atender à causa paulista arregimentando voluntários e equipando espaços da cidade à nova realidade da guerra. A sede do Grêmio Literário e Recreativo, recém-inaugurada, tornou-se sede do quartel do Batalhão Júlio Marcondes Salgado que se instalou em Barretos. Os soldados da fotografia, em pose, foram enviados a batalhas nas trincheiras da fronteira do rio Grande e a cidades paulistas durante os três meses da guerra civil.

(Fonte: Acervo do Grêmio Literário e Recreativo de Barretos).

Visita do Interventor de São Paulo, Fernando de Sousa Costa, a Barretos, 1942.

A fotografia é mais uma das que eternizam a visita de políticos à cidade. Eles eram retratados em primeiro plano, junto ao prefeito, e na sensação de serem abraçados pela multidão. Populares, crianças, atiradores do Tiro de Guerra, banda sinfônica e escoteiros compunham o cenário da visita. Esta fotografia é do dia 19 de setembro de 1942, onde estão descendo a rua 18 (saindo da estação ferroviária) o interventor Fernando Costa, o Secretário da Justiça, dr. Abelardo Vergueiro César, e o Secretário de Agricultura, dr. Paulo de Lima Corrêa (que mais tarde será o patrono do Recinto), todos acompanhados pelo prefeito Fábio Junqueira Franco.

(Fonte: Acervo do Museu “Ruy Menezes”).

Festa do Peão, fotógrafo Maurício Pinto, década de 1960.

O Recinto Paulo de Lima Corrêa foi inaugurado em 1945 para sediar as feiras expositivas de animais e produtos derivados, mas a partir de 1947 também se tornou o local de realização da festa do peão. Esta, organizada pelo clube Os Independentes a partir de 1956, ocorria em apresentações folclóricas, rodeios e concursos no recinto até o ano de 1984 (depois, passou a ocorrer no Parque do Peão). Nesta fotografia, nota-se a festa dentro recinto e fora dele, com as barracas que eram montadas à avenida 23 para comércio popular, cuja composição ficou conhecida como “Vietnã”.

(Fonte: Acervo do Museu “Ruy Menezes”).

Fonte luminosa, fotógrafo Maurício Pinto, final da década de 1950.

A Praça Francisco Barreto já possuiu portais, adornos, coretos, monumentos e bustos de diferentes épocas. Talvez, o elemento que mais tenha marcado época foi a fonte luminosa, doada pela colônia japonesa à cidade em 1958. Tornou-se memorável não apenas por sua beleza, mas por ser o local de encontros da mocidade e da prática do footing entre os pretensos namorados (muitos casamentos deram-se a partir desses encontros).

(Fonte: Acervo do Museu “Ruy Menezes”).

FICHA TÉCNICA

Realização: Núcleo de Estudos Históricos da Academia Barretense de Cultura.

Curadoria: Karla Armani Medeiros, historiadora e acadêmica titular da cadeira 7.

Presidente da ABC: Rosa Carneiro.

Acervos consultados: Museu “Ruy Menezes”, Grêmio Literário e Recreativo, Instituto Moreira Sales e Biblioteca Nacional.

Diagramação: Williarts.